Wednesday, April 05, 2006

Como eu digo...

Os dois Paulos expuseram as duas visões petezianas de fazer política; a versão original, que nasceu da luta contra a ditadura, e a versão utilitarista, que descobriu que a luta eram bravatas, ou seja, que o que conta mesmo é aproveitar ao máximo aquilo que o aparato estatal pode oferecer, encher os bolsos com as burras da viúva, mantendo uma aura do "estamos fazendo o máximo que podemos".

O lado utilitarista é onde estão os campanheirinhos metalúrgicos ganhando salários milionários, guindados as mais altas posições sem apresentarem as menores condições para tal, tudo dentro da política "chegou a nossa hora de aproveitar". Ou dentro da realidade de que não existe ninguém inocente, todo mundo tem o seu preço, e este preço é o poder.

Dentro dessa perspectiva não digo que eu estou acima dessas mazelas, eu estou é fora do poder. Basta que alguém seja guindado ao poder e tentado e pronto. Nosso egoísmo funciona dessa forma mesmo. Aliás, é por esse motivo que muitos deles defendem o regime Cubano, por exemplo, porque não defendem o regime em que vive o povo, mas o regime dos apadrinhados do poder.

Serve qualquer regime desde que você seja um dos especiais, um dos diferentes, o bom de fazer política é para os outros, não para si. Defende-se honestidade, igualdade, probidade, para os outros, para o comum do povo, não para os apadrinhados do poder. Era que havia na ex-União Soviética, ou o que existe atualmente em Cuba, onde os salários diferem: uma coisa é ser dirigentes do partido, outra bem diversa é ser "o resto".

O que muda de um sistema para o outro? No sistema capitalista os cargos são loteados pelas capacidades de cada um; no sistema petista de fazer política, não interessa se o pretendente é um analfabeto, basta ser um cumpanheiro. Tanto num como no outro os cargos são loteados; o que resta para o povo? Que comam brioches!

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